quarta-feira, 26 de junho de 2013

Tenho Medo


Tenho medo. Tenho medos. Tantos medos.

   Alguns nem conheço, outros já chamo pelo apelido carinhoso. Eles são muito férteis, eu, eu sou solo muito fértil para todo tipo de medo; espécies até ainda desconhecidas pela ciência moderna. Eles não precisam de luz solar, não precisam de água, não tem seiva. Se alimentam deles mesmos e crescem graças à mim.
   Sou uma tremenda jardineira. Tenho grandes plantações de medo, canteiros repletos de insegurança e até alguns ressentimentos aqui e ali. Meu lote não acaba, sempre cabe mais. A cada colheita se vai um pouco de mim e crescem um pouco mais deles.
   Mas deus abençoe a policultura, não só de medos vive uma boa horta. Tenho pomares repletos de sonhos e bosques lotados de vontade e motivação. Assim, nessa variedade de cultivos, eu sobrevivo sem me perder totalmente de mim. E talvez todo mundo seja mesmo assim.

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